Gostaria mencionar três questões que irão determinar se sua prática de yoga será segura ou não.
Já deve ter ouvido falar que praticar yoga é seguro, que não tem como se lesionar nem machucar, que o ásana (posição psicofísica) só traz saúde (física, mental e emocional).
Mas não é tão simples assim, pois o ásana deve ser realizado da forma correta. E até chegar na posição certa e alinhada, o corpo possivelmente esteve previamente desalinhado.
E aqui não estou falando de posições “difíceis”, mas de qualquer posição.
Mesmo estando em pé, pode se estar torto, com a coluna torta, os quadris desencaixados… tem muita coisa para se encaixar e alinhar nessa simples posição.
Então é importante que até chegar na posição certa para você (que tal vez seja diferente do colega do lado), o instrutor guie ao aluno de forma segura até lá. Até alcançar o alinhamento correto (para essa pessoa).
Vamos lembrar que nas aulas grupais cada praticante tem um corpo diferente do outro. Nas aulas devo cuidar tanto do aluno com hiperextensão articular como quem tem lesão ou restrição. E nenhum deles fará a mesma postura. O aluno não precisa de conhecer a restrição do colega do lado, só se focar na sua prática.
Por outro lado, está a consciência corporal do praticante. A expressão parece até boba: “consciência corporal” – eu tenho um corpo, sou consciente dele, então tenho consciência corporal. Mas não exatamente isso…
Claro que a maioria das pessoas sente seu corpo mas o corpo como um todo. Conseguir sentir as pequenas partes atuando (e interatuando) leva tempo e pratica… pratica consciente.
Voltando na posição simples em pé… você sabe em qual perna leva mais peso? qual dedão faz mais pressão no chão? qual quadril fica mais elevado? qual o ombro que fica mais para a frente? a cocha que fica mais ativa? sente a coluna vertebral alinhada?
São exemplos… a posição em pé todo mundo faz varias vezes no dia e sabe como se sente no corpo… MAS, faz de forma certa?
Pois é, tal vez leva anos ficando em pé torto e nem estava sabendo… mas não está sozinho, a maioria das pessoas (diria que todas por grande parte da sua vida) ficamos em pé de forma automática sem levar consciência corporal ao longo de todo o corpo.
O terceiro ponto, depende 100% do aluno e tem a haver com o Ahimsa, com a não agressão do seu próprio corpo: respeitar seus limites.
“Ahhh mas eu quero chegar lá!” Então não posso garantir que a posição seja segura para você.
Já deve ter escutado seu instrutor falar a regra de segurança “Esforçar-se sem forçar” E aqui quem respeita é o aluno.
Vamos ver alguns exemplos:
- Alongando uma perna: você já sente a perna alongando, está quase começando a tremer e doer mas você segura o pé com as mãos e puxa! Isso se chama de NÃO respeitar os seus limites.
- Fazendo equilíbrio nas mão: o braço está cansado e tremendo, mal consegue mantê-lo estendido, o corpo já nem mantem o encaixe adequado, mas permanece ali sem ajoelhar. Isso se chama de FORÇAR.
- Praticando retenção de ar: a retenção já não está confortável, o ritmo cardíaco começa acelerar, sente tontura, mas você continua segurando. Isso é Não respeitar seus limites, por favor respire!
- Fazendo uma abertura de peito (extensão para atrás): a coluna começa a incomodar, a lombar está doendo mas você continua inclinando para atrás. Isso é agressão no seu corpo (por favor não faça!)
O Ásana, para poder ser chamado de ásana, deve ser firme, estável e confortável. Se você perde a firmeza está saindo do ásana… se de um tempo de descanso, não tem nada de errado!
Se deixa de ser confortável, está saindo do ásana… não exija de mais, se respeite… deixe o processo acontecer no seu tempo.
“Ahhh mas eu quero agora!” Então não posso garantir que a posição seja segura para você e também não posso chamar isso de yoga.
Dentro do Yoga o caminho pode ser lento mas ascendente (no sentido de evolução). Se entregue e desfrute da caminhada!
Namastê!
(escolhi essa foto pois Hanumanásana não é todo o dia que consigo fazer… poderia forçar e fazer a posição final bonitinha, mas prefiro permanecer em ásana e respeitar o meu corpo)